Devo confessar que nunca me convenceu estes festivais tipo Live Aid, quais quermesses
para os pobrezinhos de Africa que são uns coitadinhos.
Não, nunca me sensibilizaram estas manifestações. Razões para tal – talvez porque nascido em África conheça alguma coisa dela, suas gentes e suas reais potencialidades, tanto humanas como económicas.
Já agora também históricas.
Por conseguinte as desgraças africanas não me impressionam pois sei qual a sua natureza, a sua génese.
O europeu embalado “nos amanhãs que cantam” e no “novo homem” e outras cretinices
marxistas, descolonizou mal e à pressa, cheios de sentimentos de culpa.
Não quiseram saber de mais nada. Sem qualquer conhecimento do terreno e armados em grandes detentores da verdade e em grandes libertadores dos oprimidos (…)
Foi o holocausto que se sabe para milhões de pessoas.
… toda esta história é conhecida e está por demais documentada, só não a conhece quem não quer ou quem está de má fé.
Ou então (possibilidade não descartável) da santa ignorância de uma certa geração de europeus que andaram a brincar ás revoluções onde o famigerado Maio de 68 è o ex-libris.
Ou seja enquanto a juventude europeia brincava ás revoluções à custa das suas famílias bem instaladas e com bons salários – “à europeia”, havia outra juventude europeia e africana que andava a construir algo.
Esse algo era nem mais nem menos uns países como Angola ou Moçambique por exemplo.
Estas juventudes em África trabalhavam, criavam e desenvolviam, mal ou bem alguma coisa ao contrário da europeia.
Para abreviar a coisa, tipos como Bob Geldof que agora é “Sir” e outros como Boy George e Paul McCartney fazem mega-concertos para ajudar os pobrezinhos dos africanos. Claro os alienados do costume acham muito bem dão-lhes a importância que eles não têm.
Como não se pode fazer mega-concertos a toda a hora estes “iluminados” fazem conferências sobre ecologia, economia sustentável (que de resto são grandes especialistas!...) e outros discursos bastante patéticos de indignação sobre os gangues de criminosos que governam estes países africanos.
De duas uma: Ou esta gente é mesmo ignorante – totalmente alienada, ou têm alguma patologia que não me atrevo de todo a especificar.
Mas em benefício das pessoas, acho que é pura e estúpida ignorância.
Talvez proveniente das suas formações académicas intoxicadas com falsas teorias marxistas, maoistas, libertárias à mistura com algum LSD e haxixe.
Esta geração europeia e os seus responsáveis com o beneplácito dos Estados Unidos condenaram um continente à miséria.
Deram-lhes a independência de qualquer maneira sem a mínima preparação, sem qualquer transição. Nada. Há países africanos que nem sabiam o que fazer com ela.
Neste vazio o que poderia vir ocupar o lugar de uma administração ultramarina?
Grupos ou bandos de indigentes muitos deles verdadeiros mercenários agregados a “partidos” assaltaram o poder através de golpes de estado ou de guerras civis. Como por exemplo o caso de Angola.
Vem agora estes filhos… de Maio de 68 a indignarem-se com o governo criminoso de Angola? Por favor deixem-se de hipocrisias.
Adenda:
Depois de escrevinhar estas linhas, apercebi-me pela imprensa e por alguns blogues, a
perplexidade e o mal-estar de alguns sectores da esquerda sobre as declarações de Bob Geldolf.
Se tudo isto não fosse trágico e muito triste dava-me vontade de rir por ver essas pessoas bem pensantes e cheias de certezas a engolir em seco. As reacções são no mínimo patéticas.
Quanto ás reacções da imprensa angolana não esperava outra boçalidade que não aquela obviamente.
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